O Baile da Rosa e da Camélia - Parte 1
Manhã
Catarina Luna, filha do nobre conde Christopher, do condado de Gardênia, já não suportava a mesma rotina da nobreza. Acordar todas as manhãs, vestir-se, alimentar-se sozinha na mesa do salão de jantar - já que seus pais passavam grande parte do dia ocupados com seus afazeres -, receber cartas de pretendentes de todas as regiões, e depois de tudo isso, passar horas a fio estudando em seus aposentos, ouvindo críticas e cobranças de sua mentora, a senhora Lúcia, sobre como sua costura estava desalinhada e como seus modos não condiziam com a de uma verdadeira dama. E de fato, Catarina não se importava muito com a etiqueta da nobreza, mas sabia se comportar como uma dama quando extremamente necessário. Apesar de tudo isso, sempre foi uma menina gentil, e gostava de tratar todos com carinho - exceto quando ficava irritada com comentários desnecessários e bajulação. Sua vida era sempre a mesma, todos os dias, desde que nasceu. Agora que chegara aos vinte anos, sua mãe e seu pai lhe pressionavam para que se casasse com algum garoto mimado de sua região - bem, aos olhos de Catarina, todos eram garotos mimados que seguiam à risca a etiqueta, a ponto de parecerem atores excêntricos extremamente performáticos. Porém, somente um garoto específico fez com que seu coração batesse mais forte: Ignatius Valdez, filho de Wandark Valdez, que ao que sabem, é um grande investidor, dono de uma companhia de produção de vinhos. Ignatius morava num castelo nos limites do condado de Gardênia - uma propriedade relativamente grande, que ostentava um grande jardim, um campo, e o próprio castelo, que segundo rumores, possuía inúmeros cômodos e um salão de festas. Porém, ninguém jamais foi convidado para as festas que ali eram realizadas. Apesar disso, Wandark nunca foi tido como um burguês avarento - muito pelo contrário, era conhecido por ajudar inúmeras famílias pobres, e segundo seus empregados, era um excelente patrão. Seu único defeito era ficar recluso em seu castelo a maior parte do tempo, comunicando-se com seus contatos através de cartas. As poucas vezes em que foi visto saindo de seu castelo foram na calada da noite, quando todos no condado já se resguardavam em suas casas.
Catarina encontrara Ignatius poucas vezes durantes sua vida, e assim como o pai do garoto, só era visto perambulando à noite. Em uma de suas rebeldias, Catarina fugiu de sua casa e se embrenhou pela floresta que ficava ao fundo de sua propriedade. Sempre fugia para a clareira, onde na maioria das vezes, a luz da lua brilhava de forma intensa. E nesta mesma clareira, viu Ignatius pela primeira vez: um garoto de cabelos negros, pele pálida, e olhar profundo. Era um garoto doce e gentil, e suas palavras deixavam seu coração calmo e acolhido, como se ela fosse abraçada pela voz do garoto. Como eram estranhos, trataram logo de se conhecer, e trocando diversas experiências de vida, Catarina viu que Ignatius não era tão diferente dela - a mesma vida monótona com as mesmas obrigações, porém, com a presença de seu pai, que o apoiava na maioria de suas decisões - e logo se afeiçoaram um pelo outro. Dias se passaram, e esse afeto foi crescendo, até Catarina perceber que estava apaixonada pelo garoto. E no dia em que percebeu a grandeza de seus sentimentos, decidiu que iria contar aos pais que encontrara o pretendente perfeito.
NOITE
Durante o jantar seria a hora perfeita para dar as boas novas, pois todos os dias, seus pais perguntavam se Catarina respondera a alguma carta de seus pretendentes. A garota sentou-se à mesa, e esperou. O nervosismo em seu coração deixava sua mente inquieta, mas isso não a impediria de dar uma boa notícia. Levantou-se e explicou a situação, de como havia encontrado um homem perfeito para sua vida, e que estava profundamente encantada por ele. Que era um nobre, e que morava por aquela região. O sorriso nos rostos de seus pais eram inexplicáveis. Ela se sentia aliviada, e animada, pois ter a permissão de seus pais era essencial. E então, ao pronunciar o nome de seu amado, a alegria deu lugar a uma pesada nuvem de revolta e reprovação. Os sorrisos se esvaíram. Sua mãe agora esboçava preocupação, e seu pai, raiva. Ele elevou a voz, e reclamou com a garota. "De todos os garotos com os quais você poderia se casar, teve que escolher um Valdez?!". Aquelas palavras não faziam sentido para ela. Tudo parecia perfeito. Não havia falha alguma em Ignatius Valdez. Por que tamanha reprovação de seus pais?
Discutiram durante todo o jantar. Conde Christopher, irritado, mandou que a filha fosse para o quarto, e que ali passasse o resto da noite, pensando profundamente em suas escolhas. Segundo ele, "Ignatius Valdez não serve para minha filha! Ele não passa de um porco inferior, que merece viver distante de qualquer humano! A filha de Christopher Luna jamais se casará com um Valdez!". Em prantos, Catarina correu para seu quarto, e lá, passou a noite chorando. O que havia de tão errado com Ignatius Valdez e com sua família para que seus pais ficassem tão revoltados com tal situação?
Vim pelas fotos no instagram da Ice, eu amei a primeira parte e já espero ansiosamente pela segunda. Esse estilo de história, com essa temática me agrade bastante, e você escreve muito bem. (❁´◡`❁)
ResponderExcluir𝐈ts 𝐌e 𝐀llimak|♡
Aaaaah, muito obrigado, de verdade <3
ExcluirJá estou escrevendo a próxima parte!
Obrigado pelo seu apoio, sério